16 de Agosto Dia do filósofo: Onde estão as filósofas?



Neste dia do Filósofo, é pertinente a pergunta: Onde estão as filósofas? A que poderíamos responder estão por todas as partes, ainda que a voz masculina se queira preponderante, visto que, a sociedade ainda não superou a herança patriarcal transmitida de geração a geração.


De modo que ao lançarmos um olhar mais cuidadoso sobre a história da filosofia, notamos a sutileza com que a presença feminina vai sendo ofuscada e muitas vezes reduzida a um papel secundário, não raras vezes vamos encontrar mulheres mencionadas como: discípulas, amantes, esposas e com menor frequência colaboradoras. Somente a partir da década de 60 com os avanços da luta feminista é que a história começa a registrar os primeiros casos de protagonismo das inúmeras filósofas que fazem parte da história.

Recorro ao riquíssimo trabalho MULHER E FILOSOFIA: ONDE ESTÃO AS FILÓSOFAS? De autoria da professora Juliana Pacheco Borges da Silva para trazer à luz o fazer filosófico de algumas das principais mulheres que ousaram pisar esse campo e deixar suas marcas tão profundamente que nenhuma ideologia machista pode apagar.

Sendo impossível enumerar todas as filósofas, Silva elegeu três grandes nomes femininos para cada período filosófico:

ANTIGUIDADE

Safo de Lesbos (VII-VI a. C.) conhecida por lidar diretamente com as artes poéticas e musicais, criou um ambiente para que as mulheres pudessem desenvolver suas habilidades artísticas;

Diotima de Mantineia (427-347 a. C.) é conhecida pelos diálogos platônicos sobre o amor, mais especificamente no O Banquete. Como só encontramos a presença dessa filósofa nos escritos de Platão, há dúvidas de sua existência, mas como teve uma marcante presença na obra desse filósofo, podemos nos direcionar a favor do existir;
Hipácia de Alexandria (415 d. C.) foi uma filósofa e grande conhecedora de Matemática e Astronomia. Ela foi professora na Academia de Alexandria, substituindo o filósofo Plotino.
IDADE MEDIA:
Heloísa de Paráclito (1101-1164) mais conhecida por sua relação escandalosa e conturbada com Abelardo, que era casado. Também se destacava por sua dedicação e inteligência. Assim, sendo reconhecida como possuidora do dom a escrita e leitura, escrevendo Problemata;
Catarina de Siena (1347-1380) foi uma líder italiana de uma comunidade heterodoxa de homens e mulheres. Também escreveu Diálogo da Doutrina Divina;
Cristina de Pizan (1365-1431) foi uma filósofa poetisa, que ficou conhecida por criticar a misoginia dentro do meio literário. Na sua obra A Cidade das Mulheres, ela questiona a autoridade masculina de seu tempo.
IDADE MODERNA
Mary Astell (1666-1731) foi uma inglesa que uniu todas suas convicções as causas feministas;
Mary Wollstonecraft (1739-1797) foi uma escritora e filósofa inglesa, ficando conhecida pelas suas defesas aos direitos das mulheres. Sua obra A Reivindicação dos Direitos das Mulheres, é considerada como uma das mais importantes.
Olímpia de Gouges (1748-1793) foi uma francesa que Se destacou pelos seus escritos revolucionários em defesa das mulheres e dos negros. Uma de suas obras em destaque é Os Direitos da Mulher e Cidadã.
IDADE CONTEMPORÂNEA
Rosa Luxemburgo (1871-1919) foi uma filósofa marxista, que se tornou mundialmente conhecida por suas ações revolucionárias e por fundar o Partido Social-Democrata (SPD) da Polônia e Lituânia. Escreveu diversas obras todas ligadas as questões da economia capitalista e o proletariado. Dentre elas se destacam, Acumulação do Capital, Greve de Massas, Partidos e Sindicatos, entre outras;
Hannah Arendt (1906-1975) foi uma filósofa alemã de família judia. Seus estudos se deram dentro da ciência política. Ela foi uma das poucas filósofas que não chegou a escrever sobre a condição feminina. Suas obras se enquadravam dentro da filosofia política, seu primeiro livro foi intitulado como As Origens do Totalitarismo;
Simone de Beauvoir (1908-1986) foi uma escritora e filósofa francesa, ficando conhecida como companheira de Sartre e por utilizar de seu existencialismo em suas obras. Destacou-se nas questões feministas, principalmente quando lançou seu famoso livro O Segundo Sexo, o qual se tornou fundamental para qualquer feminista que quisesse compreender as questões das mulheres e de sua existência.
Estas mulheres representam aqui todas àquelas que fizeram parte da história da filosofia. “A tarefa que nos cabe atualmente é fazer valer a presença destas mulheres que por muitos anos foram e ainda são ocultadas. Devemos deixar essas vozes gritarem, já que passaram um bom tempo silenciadas”.
A Filosofia Brasileira também tem suas representantes femininas, seguindo o modelo anterior vou aqui eleger três mulheres contemporâneas que estão ainda a escrever suas histórias no campo filosófico.
Marilena Chauí (São Paulo, 04 de setembro de 1941) Marilena é Presidente da Associação Nacional de Estudos Filosóficos do século XVII, Doutora Honoris Causa pela Universidade de Paris VIII e Doutora Honoris Causa pela Universidad Nacional de Córdoba, da Argentina. Em sua obra é possível encontrar temas como ideologia, cultura, universidade pública, entre outros. Destacam-se os livros Repressão Sexual, Da Realidade sem Mistérios ao Mistério do Mundo, Introdução à História da Filosofia, Convite à Filosofia, A Nervura do Real, Simulacro e poder, entre outros.
Viviane Mosé ( Vitória, 16 de janeiro de 1964) Filósofa, poetisa, e especialista em elaboração e implementação de políticas públicas. Mestre e doutora em filosofia, tem diversos livros escritos.
Márcia Angelita Tiburi (Vacariam 6 de abril de 1970) Filosofa, artista plástica, professora de filosofia. Publicou livros de filosofia, entre eles Magnólia, que foi finalista do Prêmio Jabuti e A Mulher de Costas. Escreve também para jornais e revistas especializados, assim como para a grande imprensa. Seu livro Como Conversar com Um Fascista, publicado pela Editora Record, fala sobre temas como genocídio indígena, racismo e classismo, homofobia, feminicídio e manipulação de crianças.

Abraço filosófico @s amantes do saber!
 



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